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Comparo o processo de composição à gestação.

Primeiro, a fecundação: é a ideia que surge em nosso íntimo, às vezes no quarto, às vezes no banheiro, às vezes em locais onde nem imaginávamos...

Depois, gestamos: amadurecemos a ideia dentro de nós, o que gera inquietação, felicidade, incertezas, espera, espera, espera...

Depois de gestar, parimos: o momento em que a canção nasce pro mundo. No meu caso, um momento muito íntimo de mim comigo mesma. Ansiedade, desejo de ver terminado, mas ao mesmo tempo cuidando para que ocorra tudo bem, tudo no seu devido lugar. Dor, alegria, insegurança, êxtase, medo, tudo ao mesmo tempo!

E depois do parto, o alívio: suspiro, admiração, ainda um pouco de insegurança ("vou saber cuidar? Como as pessoas vão receber?"), mas sobretudo sensação de fechamento de ciclo. O Gestar já foi, agora é o cuidar, fazer crescer, deixar ir pro mundo... e por aí vai.

Então agora, apresento para vocês, os filhos que pari até aqui:

O RIO QUE FECUNDA A VIDA

​​O Jequitinhonha é uma das grandes inspirações que tenho em minha carreira. Seja sobre o Vale ou sobre o Rio meu pensamento sempre vagueia passeando pela sua cultura, sua importância, sua poesia, sua gente, sua força. E como um rio que deságua no mar esses pensamentos saem da nascente da minha mente e deságua nas pontas dos meus dedos em forma de canção. "O Rio que Fecunda a Vida" foi vice-campeã do 39º FESTIVALE, que ocorreu na cidade de Couto de Magalhães de Minas, em 2024.

Quando o sol brilha no Jequi

Coisa mais linda que vi

Corre por Araçuaí, Almenara, Itaobim

Até então descansar

Nas águas de Iemanjá

Vai na grande mãe pulsar

Sua vida lá no mar

 

Lar de tantos peixes, tantas vidas

De Lavadeiras distraídas

Com suas roupas a quarar

As crianças brincam suas infâncias

Tão cheias de esperanças

Que esse rio tem pra dar

Na aridez do nosso vale

Esse rio tão fecundo

Vai a terra fecundar

Nasce lá em Serro Frio

Um rio que é mais que rio

É fonte a exalar

Coisas mais lindas de um povo

Do antigo ao mais novo

Daqui deste lugar

 

Jeee-eee-eee-eee-qui

De tudo o que eu já vi

Nada há como o Jequi

Segue manso a nutrir toda a vida, todo o ser

Neste sertão das Gerais

Este rio a crescer

Cada curva é sempre mais

Água viva a correr

 

Lar de tantas canoas pesqueiras

De Tecelãs e Bordadeiras

Com seus fios a fiar

Mãos que moldam barro, moldam vidas

Traz sustento e comida

Pr’esse povo labutar

 

Na aridez do nosso solo

Esse povo tão fecundo

Vai a terra fecundar

 

Nasce lá em Serro Frio

Um rio que é mais que rio

É fonte a exalar

Coisas mais lindas de um povo

Do antigo ao mais novo

Daqui deste lugar

 

Jeee-eee-eee-eee-qui​

CANTO DE FOLIA

"Canto de Folia" é uma singela homenagem às Festas Tradicionais do nosso povo: às Folias, aos Reinados, aos Congados, às Procissões e à nota manifestação de fé que é tão característico da nossa Minas Gerais. A letra não é linear, ela diz em cada frase de um tipo de manifestação diferente. O projeto de gravação em estúdio dessa música foi aprovado na Lei Aldir Blanc e tivemos a honra de ter as vozes de vários Mestres de Folia no encerramento da canção, fazendo suas saudações tradicionais de cada bandeira. "Canto de Folia" é sobre fé, amor às tradições e resistência!

A folia vem de lá

Vem trazendo Nossa Senhora (2x)

Vem trazendo tambor de congado, aí meu Deus

Para a louvação agora (2x)

 

Lá vem o povo cantando

Louvações pra Nossa Senhora (2x)

Vem trazendo sua fé e batendo seu pé

No pó dessa estrada afora (2x)

 

Oi que vamo, oi que vamo cantar

Para Nossa Senhora louvar

Oi que vamo, oi que vamo cantar (Oi pular, oi cantar, oi pular, oi cantar)

Para Nossa Senhora louvar!

 

A folia já chegou

Tá aqui com a Virgem Maria (2x)

Oi que nada de choro ou lamento ou tristeza

Vamo louvar com alegria (2x)

 

A folia já chegou

Já entrou com a Virgem Maria (2x)

Que as benção vem sobre essa casa, ai meu Deus

E traz toda harmonia (2x)

 

Êh, êh, êh!

 

Oi que vamo, oi que vamo cantar

Para Nossa Senhora louvar

Oi que vamo, oi que vamo cantar (Oi pular, oi cantar, oi pular, oi cantar)

Para Nossa Senhora louvar!

A folia já se vai

Com as bênçãos de Nosso Senhor (2x)

E se vai com ele todo o povo cantando

Atrás do nosso santo andor (2x)

 

A folia já se foi

Foi com ela a santa e o andor (2x)

Mas que neste lugar ainda fique a alegria

As bênçãos e muito amor (2x)

 

Oi que vamo, oi que vamo cantar (Oi cantar! Oi cantar!

Para Nossa Senhora louvar

Oi que vamo, oi que vamo cantar (Oi pular, oi cantar, oi pular, oi cantar)

Para Nossa Senhora louvar!

Êh, êh, êh!

 

(Vocalize dos Mestres de Folia da região:)

 

Salve Nossa Senhora Do Rosário!

Salve a Folia de Reis Unidos do Vale!

Salve, Salve Sant’Ana, nossa padroeira!

Salve as Pastorinhas do Inhaí!

Salve São Benedito!

Salve a Senhora do Rosário!

Salve Senhora Rainha da Paz!

Salve Cristo Rei da Paz!

Salve a Folia de Reis da Vila Operária!

SALVE SANTO REI!

ser mulher

"Ser Mulher" é um sambinha que fala sobre as delícias e as dificuldades de se pertencer a este gênero. Todos os estereótipos e expectativas que projetam sobre os nossos corpos, fazendo com que tenhamos sempre uma existência pautada na resistência. Isso é ser mulher e são todas essas inquietações que eu desaguei nesta letra.

Paparundê.,..

 

A força da mulher não tá no que se veste

Não tá nem naquilo que se vê

A força da mulher é mais do que se crê

Não é obedecer, é SER!

 

A força da mulher está na natureza

E em toda beleza de ser

No corpo ou na mente se tem a semente

Mulher é muito mais do que se vê

 

Mulher é o que quiser ser

Mulher é o que quiser fazer

Mulher é o que quiser querer

Mulher é o que quiser viver

Se tá no trabalho ela não conhece atalho

Se está em casa ela manda ver

Tudo ela faz com maestria

Com ou sem estria é mulher e é pra valer

Tem aquela que quer ser mãe

E a que não quer ser não tem problema algum

Tudo isso é ser mulher

E se você acha que não é tô nem aí, nem tchum!

 

Mulher é o que quiser ser

Mulher é o que quiser fazer

Mulher é o que quiser querer

Mulher é o que quiser viver

 

Paparundê.,..

 

E agora um recado para o cara que acha que a gente tá aqui pra te servir:

Senta no seu canto e fica quieto, QUIETO, e finge que nem está aí.

Porque agora eu vou falar!

 

Mulher é o que quiser ser

Mulher é o que quiser fazer

Mulher é o que quiser querer

Mulher é o que quiser viver

 

Paparundê...

PLANOS PERDIDOS

Quando eu vou explicar sobre essa música eu sempre começo informando a qual signo eu pertenço, porque depois disso a letra passa a ser autoexplicativa. Sou do signo de PEIXES, então já dá pra entender o porquê essa letra fala de planos perdidos, não é mesmo?!

É bem característico dos piscianos já imaginarem toda uma vida com a pessoa, saber o nome dos filhos, dos cachorros, qual será o plano de saúde, como serão as bodas de ouro e etc, isso tudo depois de 5 segundos da primeira cruzada de olhares. kkkkk fazer o quê?!
"Planos Perdidos" é sobre toda uma vida que imaginei com uma certa pessoa, mas que acabou não acontecendo.

Hoje eu rio, mas na época eu chorei! rsrsrs

Eu tinha tanto pra falar sobre nós

Tanta história pra contar sobre nós

Tantos planos...

Foi engano...

 

Tinha tanta vida pra viver com você

Tanto lugares pra conhecer com você

Neste ano e em outros anos

da nossa vida, mas você não quis viver!

 

Tô aqui pensando

Como é que tudo isso foi acontecer

Tô aqui sonhando

Como seria a vida toda com você

Mas como posso dizer

Se você disse “não” pro nosso amor!

sabá

Janjão Sabá Gamu foi um africano da Etiópia que vivia pelas ruas de Diamantina. Uma figura ímpar, com muitas facetas e camadas. Durante os primeiros anos ele teve muita convivência com grupos esotéricos e tinha uma presença espiritual e energética muito grande. Ele fazia mapa astral, lia a mão das pessoas e olha... tudo com um grande número de acertos! Porém, ele também dizia algumas coisinhas que não eram tão fáceis assim de se comprovar, como por exemplo, que ele era sobrinho de Chica da Silva (uma das figuras mais emblemáticas de Diamantina), dizia que ele havia namorado Derci Gonçalves, que chegou a conhecer de perto Roberto Carlos, etc (Mas a parte do Castro Alves foi licença poética minha rsrs). Ele ficava sempre ali entre a Rua da Quitanda, o Mercado Velho, o Beco do Mota, sua casa era o Centro Histórico de Diamantina. Eu me recordo de quando eu estudava na Escola Normal e o via sentado na porta da Boutique Cyrillo todo santo dia, com seus colares, suas guias, sua touca de lã e a caneca da qual nunca se separava. 

É uma figura incrível que ficou marcada na memória da cidade de Diamantina e na memória de todos que o conheceram!

Essa música é uma homenagem a ele!

Janjão Sabá Gamu (2X)

 

Andava pelas ruas da cidade

Com suas roupas coloridas

E sua touca de lã

 

Da alta realeza da Etiópia

Veio cá pra Diamantina

Conhecer a cortesã

 

Janjão Sabá Gamu (2X)

 

Sobrinho de Chica, a Silva

Namorou Dercy, a Gonçalves

Conheceu Roberto, o Carlos

Foi inspiração pra Castro, o Alves

 

Andando pelas ruas da cidade

Conversando com pessoas

E fazendo mapa astral

 

Janjão deixou sua identidade

E também deixou saudade

Na porta da catedral

 

Janjão Sabá Gamu (2X)

 

Sua casa, o Mercado Velho

E as ruas, os seus corredores

Fez parte do Festival de Inverno

E desiludiu com seus amores

Seus colares, guias, badunlangas

Eram parte de quem era

Esse ser tão singular

 

Só não eram mais que a caneca

Que estava cheia

Só pra ele esvaziar

 

Janjão Sabá Gamu (2X)

 

O Beco do Mota e a Quitanda

Conheceram tanto essa figura

Cada um que por ele passava

Se sentia nova criatura

 

Certo dia, luto na cidade

O Janjão ficou deitado

Para não mais levantar

 

Diamantina hoje é só saudade

Desse Rei da Etiópia

Que em outra terra foi reinar!

 

 

Janjão Sabá Gamu (4X)

 

 

Axé, Sabá!

DESÁGUAS DO JEQUI

Deságuas é mais uma música minha que te como tema o rio Jequitinhonha, suas confluências e sobre toda a vida que brota deste rio em toda sua extensão. Também traz uma clara influência da minha religiosidade quando falo sobre as mães Orixás que regem a força dos Rios e dos Mares: Oxum e Yemanjá. Esta música foi finalista do 36º FESTIVALE que aconteceu na cidade do Serro (onde, inclusive está localizada a sua nascente), no ano de 2020.

Essa música também traz algo que eu amo fazer: os trocadilhos e brincadeiras com as palavras e suas sonoridades. A língua portuguesa é um verdadeiro parque de diversões para quem gosta de escrever desta forma. Você vai ver na letra o "jogo" entre as palavras: "Sertão" /"Ser tão" e "Encantar"/ "E cantar". Coisas que quem a escuta só vai descobrir quando se debruçar sobre a letra da canção. 

Meu Jequi, estou aqui

Pra lhe falar: não sou nada sem ti

Nasce aqui e segue, então

O seu caminho lá pro sertão

 

Sertão simples chão

Ser tão rico chão

 

Sai daqui pra desaguar

Nas águas lá do mar

Sai de Oxum pra desaguar

Nas águas de Iemanjá

 

O Jequi, com peixes mil

Nos rincões do nosso Brasil

Nasce em ti tudo o que há

De mais belo pra nos encantar

 

Encantar com poesia

E cantar sua poesia

Sai daqui pra desaguar

Nas águas lá do mar

Sai de Oxum pra desaguar

Nas águas de Iemanjá

SEMENTE E IDEAL

Eu compus essa música na ocasião do assassinato de Marielle Franco e do Anderson Gomes. Eu estava desiludida, me sentindo apavorada e acuada com aquela onda que estava surgindo que ameaçava a minha existência, enquanto mulher, enquanto membro da comunidade LGBTQIAP+, enquanto parte da classe baixa deste país. O triste acontecimento me tocou de forma inimaginável e a única coisa que eu poderia fazer era escrever. Deixar desaguar no papel toda aquela angústia e medo que eu estava sentindo. E assim nasceu "Semente e Ideal", a música mais visceral que já compus.

Posteriormente tive o prazer de fazer uma campanha em parceria com a Delegacia da Mulher da minha cidade, na pessoa da delegada Kiria Orlandi, de modo a conscientizar sobre a violência contra a mulher, seja ela institucional, parental, passional e etc. A música fez parte do meu show "Joyce Canta Elas", onde foi apresentada em conjunto com um vídeo da delegada e com uma performance de dança do artista Calebe Ribeiro o que foi considerado pelo público um dos pontos altos do espetáculo.

Tu podes querer me calar

Tu podes até me amordaçar

Prende meu corpo

Corta minhas cotas

Mas não vai me calar

 

Tu podes querer me parar

Tu podes até me ameaçar

Mata meu corpo

Corta minhas costas

Mas não vai me parar!

 

Tu sabes que eu

Nasci pra lutar

E mesmo que eu chore

Não vai me intimidar!

Tu podes tentar

Até me matar

Mas sou semente

Vou germinar!

Tu podes tentar me interromper

Tu podes achar que tem poder

Olha meu corpo

Corta minhas falas

Mas não vai me interromper!

 

Tu podes até tentar me vencer

Mas a flor enterrada vai renascer

Olha pra fora!

Vê que brotei

O amor, enfim, vai vencer!

 

Solta minh’alma!

Meus ideais!

Em minha pele

Tu não encosta mais!

Sou porque somos

Cada vez mais

Enterram-se corpos,

Mas não ideais!

Ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah

Mas não ideais!

VEM PRA CÁ

Eu sou do interior, amo roça, amo cidade pequena, amooo a nossa calmaria! Mas e quando uma pessoa do interior se apaixona por uma da cidade? Bem, na verdade não foi beeem uma paixão. Foi apenas um beijo que ela me roubou... é sério, demos apenas UM beijo em todo o "relacionamento" rsrs, mas minutos depois daquele beijo estava eu fazendo uma música chamando ela para deixar a cidade grande e vir viver a vida calma e pacata do interior ao meu lado. E assim nasceu "Vem pra Cá", com toda a essência do mineirês e da nossa cozinha mineira! rs

Eu tive a honra de ter essa música interpretada por uma das turmas de Canto Coral Infantil da querida professora (e incrível cantora) Luciana Vieira do Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita, e eu juro que eu quase morri com aquelas fofuras cantando minha música!

Tô te chamando, vem pra cá (2x)

Pegue a charrete, vem pra cá devagarzim

Toma cuidado pra não machucar o burrim

Tô te esperando, vem pra cá (2x)

Café já tá no bule, vem que tá fresquim

O pão de queijo tá saindo bem quentim

Tô te chamando, vem pra cá!

Tô te esperando, vem pra cá!

Vem cá, tô te esperando de mansim

Vem logo, vem pra cá pro meu mundim

Tomar café de manhãzinha esperando o sol nascer

Dizer: olá, cadê você?!

To te gostando, vem pra cá (2x)

Sentar na grama pra ver os animalzim

Andar descalço e ver os passarim no nim

Tô te amando, vem pra cá (2x)

Já tô cantando junto com os passarim

Meu coração já tá batendo rapidim

Tô te gostando, vem pra cá!

Tô te amando, vem pra cá!

Vem cá, pra nós arrumá nosso nim

Vem logo, vem me dar o seu carim

Fazer fogueira e a viola junto com o anoitecer

Dizer: prazer em ter você!

Tô te chamando, vem pra cá

Tô te esperando, vem pra cá

To te gostando, vem pra cá

Tô te amando, vem pra cá

RECADO AOS MEDOS​​

A pandemia foi um período muito difícil pelo qual passamos a nível mundial. Mas apesar de ser algo que estava acontecendo de forma coletiva, cada pessoa viveu esse período de forma diferente. Eu, particularmente, estava vivendo alguns outros processos bem difíceis quando a pandemia nos alcançou: uma verdadeira crise de identidade e de insegurança, o que foi muito potencializado pelo isolamento social. 

Insegurança sobre mim, sobre o outro, sobre minha espiritualidade, sobre minha carreira, sobre tudo... absolutamente tudo! Então nasceu "Recado ao Medos", um blues que escrevi para afastar todas essas inseguranças que estava sentindo. É uma letra pequena, mas muito intensa, assim como minha coragem. Na época ela foi bem pequena, mas foi tão forte que se tornou suficiente para eu vencer aquele período e todos os medos que me rondavam.

Pode dizer a eles

Que eu vou ficar

Que eu não vou desistir

Que eles podem tentar

Mas que eu não vou cair

Pode dizer a eles

Que meus sonhos são mais

Muito mais fortes que

Qualquer um dos meus "ais"

Que não me impedirão de sorrir

 

NÃO, EU NÃO VOU DESISTIR!

Lá iá, lá lá iá, la iá, lá lá iá

Lá iá, lá lá iá, lá iá...

TEMPOS LÍQUIDOS

Sim, essa música tem forte influência do pensamento de Zygmunt Bauman sobre a tal da Modernidade Líquida na qual vivemos. São tempos de impermanência, onde o que vale é o que se tem e não o que se é; o que se aparenta, e não a essência... Essa música foi um processo de terapia para uma época em que eu estava quase explodindo de tanto barulho, tanta rede social, tanto compromisso, tanta correria, tanto TUDO! E quase nada do que é realmente essencial pra viver bem (ao menos para mim): paz, silêncio, calmaria e verdade. Certo dia, ao chegar em casa e tomar um banho na tentativa de me limpar de toda sujeira mental desses dias, me veio a frase na cabeça: "Essa cidade que não para, o tempo que não para...". Terminei o banho, sentei no quarto e nasceu de uma só vez "Tempos Líquidos".

Essa cidade que não pára

O tempo que não pára

A sociedade é cara

Cidade que não pára

Tempo que não pára

O Tempo é jóia rara

 

Tudo o que você compra não compra com seu dinheiro

Mas com o tempo da vida que gastou pra conseguir

Sempre que penso nas vezes que não vivi por inteiro

Eu pensava que ganhava, na verdade me perdi

 

Amanhã comprarão tudo o que hoje já compraram

Paga caro, usa pouco, eles já se acostumaram

Passa o pix, o cartão, nem vê que se escravizaram

Só mais dois anos de vida que os senhores condenaram

 

Essa cidade que não pára

O tempo que não pára

A sociedade é cara

Cidade que não pára

Tempo que não pára

O Tempo é jóia rara

Mentes mais aceleradas do que fómula 1

Pensam que andar correndo é o que os faz tão incomuns 

São as mentes saturadas, partem do senso comum

Não sabem? Correr assim não leva a lugar nenhum!

Eles tiram foto à beça, num é pra recordação

É só pra postar nas redes e mostrar ostentação 

Sorriem de quase tudo com o celular na mão 

Mas quando ele vai pro bolso, só tristeza e depressão

(E é tanta hipocrisia, que nem lembro do refrão)

 

Essa cidade que não pára

O tempo que não pára

A sociedade é cara

Cidade que não pára

Tempo que não pára

O Tempo é jóia rara

 

O botox, lipo a lazer, tirar foto em Ipanema

Comprar roupa só de marca, tudo isso é algema

Engrenagens se sustentam dentro de um grande sistema 

Vender tempo da sua vida, será mesmo vale a pena?

 

Todo app que não paga, paga com o tempo de vida

Que gasta rolando a tela e esperando pra pular 

O anúncio que nunca acaba, mensagem subliminar

Enquanto prendem os seus olhos, eles prendem seu pensar

 

Essa cidade que não pára

O tempo que não pára

A sociedade é cara

Cidade que não pára

Tempo que não pára

O Tempo é jóia rara

NA ESQUINA DE UM SONHO

Certa vez eu fui fazer um show em São Gonçalo do Rio das Pedras, e dormi numa pousadinha linda! Sonhei com Cássia Eller e daí nasceu "Na Esquina de um Sonho". Me lembro que era um sonho lúcido, eu sabia que estava dormindo. Estávamos num grande salão com algumas pixações... um lugar estranho e bonito ao mesmo tempo. E ela estava num canto desse salão, com aquele olhar e aquele sorriso tímido que ela costumava ter em entrevistas. Ela me falou alguma coisa, mas não consigo me lembrar o que foi exatamente... aí eu fui acordando aos poucos, mas sem querer sair do sonho... eu não queria que acabasse. Mas assim que despertei eu comecei a escrever um texto/poesia que depois viria a se tornar essa música.

Na esquina de um sonho

Eu te encontrei

Riso manso, olhar tristonho

Como eu te amei...

 

Você era a mais bonita

E o seu olhar risonho

Dizia à minh’alma aflita

Que não era só um sonho

Você me despiu com o riso

E desnuda eu fiquei a te olhar

 

Por tudo que é mais sagrado

- te pedi a soluçar –

Permaneça a meu lado

Me permita te amar

Você disse, sem palavras

Que não ia me deixar... jamais

Na esquina de um sonho

Eu te encontrei

Riso manso, olhar tristonho

Como eu te amei...

 

E eu fui voltando a mim

Tive enfim que te deixar

Não queria ver o fim

Nem sequer te abandonar

Se não era só um sonho

Onde que você está?!   Ahh

O QUE ME FAZ ARREPIAR

Essa é uma música que fiz "à lá Ana Carolina". Surgiu se uma situação hipotética que imaginei enquanto fazia um show em um restaurante. N e me vendo tocara época estava com um crush em uma moça e imaginei ela entrando ali, toda cheia de si e me vendo tocar. A partir daí eu escrevi "O que me faz arrepiar"!

Você chegou no seu mundinho

Sentou bem pra lá

Deu uma olhada de arrasar

Senta aqui do meu ladinho

Que eu vou te falar

O que me faz arrepiar

 

Numa noite de inverno eu me sentei ali

Sem esperar

Que uma deusa eu iria encontrar

Pedi o de sempre, estava acostumada a sozinha ficar

Quando você entrou naquele lugar! (ou: pra me arrasar)

Você chegou no seu mundinho

Sentou bem pra lá

Deu uma olhada de arrasar

Senta aqui do meu ladinho

Que eu vou te falar

O que me faz arrepiar

 

Vem pra mim que eu vou te provar

O quanto um “sim pode te dar!

Se entregue e vem comigo, vou te mostrar!

Eu sei bem que você quer, não se acanhe eu tô lendo o seu olhar

Não adianta nem tentar se enganar!

VEM ME AMAR

Está aí mais uma paixão que me rendeu uma música (ao menos isso! rsrs). Enfim, "Vem me amar" é um xote bem gostosinho que falam de uma paixão mansa, mas ao mesmo tempo platônica. E podem acreditar: tudo o que está descrito na música é verdade, o perfume, a rosa, a pele, etc, etc, etc... 

Te vi... e os meus olhos brilharam assim

Te vi... e meu peito batia apressado

Cansado de sofrer calado

Querendo te ter só pra mim!

 

Te vi... e sua boca sorria enfim

Te vi... e meus braços queriam seus braços

Te envolver dentro do meu abraço

E te dar este amor sem fim!

 

Ah! Vem amor! Vem me amar, vem me amar!

Ah! Eu vou te esperar, te esperar!

Te vi... quis te dar uma rosa carmim

Te vi... e te olhei meio desconcertado

Esperando que olhasse pro lado

E que me dissesse um sim!

 

Te vi... e senti teu perfume jasmim

Te vi... teu sorriso é pura poesia

Difícil é não ser fantasia

Essa pele cor de marfim!

 

Ah! Vem amor! Vem me amar, vem me amar!

Ah! Eu vou te esperar, te esperar!

O TOM DO AMOR

Essa é a música mais densa e dramática que eu já compus. Eu não sei tocar piano, mas brincado nopiano certa vez eu tirei algumas notas e delas surgiu a melodia pesada e triste de "O Tom do Amor". Geralmente eu componho a melodia e a letra juntas, mas com essa música foi diferente: primeiro nasceu a melodia e depois fui fazendo a letra para encaixar. A poesia dela tem algo de mar, de praia sombria, de promessas não cumpridas, de amores proibidos e de desesperança. A forma como é cantada remete as ondas do mar vindo e voltando, indo e voltando... A melodia também tem suas especificidades, já que ela alterna entre diferentes tempos ao longo da musica, algo que eu fiz inconscientemente. A metáfora com o mar está presente em toda a letra e já no final eu reconheço as harmonias dissonantes que ela traz na frase: "E como numa melodia que sem harmonia causa o torpor" e é exatamente assim que me sinto ao interpretar essa música. Tem melodia, mas tem coisas dissonantes que causam desconforto, o mesmo desconforto que o eu lírico da música sente ao falar dos seus sentimentos.

Leva pra ti toda
E qualquer lembrança
E traz o que não for
Pra me machucar
Não quero mais amar
E como a escuridão
Me traga a solidão
E volte pro seu lar


Todo esse silencio
Que grita em meu peito
E então deixa desfeito
O amor que eu quero dar
Eu quero me afogar


Como as ondas do mar
Quero me deixar levar
Sei que só assim
Poderei me perdoar
Por me deixar levar
Por uma ilusão
E abrir meu coração
Como se abre o mar

Mas quando o amor que sinto

Me toma por dentro

Meu Deus, me rebento

E neste silêncio

Vou me afogar

 

O sol que sai do mar
Vem me refletir
O som que sai do amar
Pra me sacudir
É o tom deste amor
Que soa quase dor
E como numa melodia
Que sem harmonia
Causa o torpor


Mas, tome coragem
Pegue sua bagagem
Cheia de carinhos meus
Enlace com os seus
E venha me abraçar

OLHOS DE PODER

Eu ganhei um quadro óleo sobre tela de um grande amigo e artista chamado Marcial Ávila. Esse quadro ficava no meu quarto e ele figura uma linda mulher negra, de traços incrivelmente belos, e com um tom de modernidade muito forte. Certa vez estava brincando com o violão e num dos vários momentos em que eu estava com os olhos fixos no quadro (com o pensamento looonge) me veio a frase "Desenhada em olho e tela..." e a partir daí começou a nascer "Olhos de Poder", essa música que fala da força da favela, da força da mulher que enfrenta todos os combates diários para sobreviver e se fazer valer neste mundo de hoje.

Profundos olhos fundos do saber

Profundos olhos negros de prender

Profundos olhos fundos do querer

Profundos olhos negros de poder

 

Os olhos que me olham no profundo fundo do meu ser

Os mesmos olhos que despertam o profundo do querer

 

Desenhada em óleo e tela

Te olho da minha janela

E não tem coisa mais bela de se ver

És da beleza sentinela

Tem a força da favela

E é ela que detém todo o poder

Os olhos que vêem não são os mesmos que enxergam

Os olhos que crêem muitas vezes não carregam

A certeza da beleza do olhar

 

Os olhos que lêem não são os mesmos que sabem

Os olhos que medem não são os mesmos que cabem

Na grandeza da pureza do olhar

 

Desenhada em óleo e tela

Te olho da minha janela

E não tem coisa mais bela de se ver

És da beleza sentinela

Tem a força da favela

E é ela que detém todo o poder

AMOR DE FACEBOOK

Eu costumo admitir que essa é a música mais adolescente que eu já compus. E olha que quando a fiz eu já estava lá com meus vinte e poucos anos rsrsrs, mas eu acho ela muito fofinha e tenho que deixá-los cientes de que também nesta música tudo (TUDO MESMO) o que eu relato realmente aconteceu: eu vi a foto da moça, me senti magnetizada, abr seu perfil, ela estava com uma camisetinha branca e um sorriso hipnotizante na foto de perfil, tinha foto de plantas e flores, eu quis mandar uma mensagem pra ela a elogiando sua energia e sorriso, mas vi que não tinha o messenger, aí eu baixei, instalei, enfim... j[a deu pra entender que tudo aconteceu exatamente como está na letra, né? rsrs

Vi sua foto no facebook

Tão linda de flor na cabeça

A blusa branca era seu look

E o olhar de menina travessa

 

O seu sorriso me despertou

E eu quis mandar mensagem

Mas a minha vergonha me paralisou

De onde eu tirei coragem?

 

E eu vi...

Plantas, flores

Tantas cores...

E eu falei: “Desculpe a intromissão!

Eu tava rolando o meu feed e sua foto apareceu

e seu sorriso me chamou tanta atenção

Que eu parei...

 

Instalei o Messenger só para te falar

Tudo isso e mais um pouco e que sua energia é tão linda,

tão presente e tão fácil de gostar

Que eu me apaixonei..."

 

Pararirá, pararira,

parirárirárirá

Pararirá, pararira,

parirárirárirá

QUANDO O AMOR NOS LEVAR

Compor também é sobre imaginar e essa música eu desenvolvi a partir de uma situação hipotética que eu criei. Nunca vivi na pele o desgaste de um relacionamento, mas eu queria ao menos experimentar pelas vias da composição como eu lidaria com uma situação assim. E dessa forma nasceu "Quando o Amor nos Levar" que, apesar de ser uma música sobre desgaste emocional continua sendo uma música sobre esperança.

Eu não sei porque

Eu não sinto mais

O que eu    sentia

Você quer saber

O que em nós mudou

O que havia?

 

Mas eu não sei...

 

Vamos deixar

Que o tempo nos leve para

Onde for, e assim vamos saber

Que o amor nos levou

Eu não quero ser

A que não tento

A que diz “talvez”

E se o amor guardou

O melhor pra nós

Desta vez?

 

Mas eu não sei...

 

Vamos deixar

Que o tempo nos leve para

Onde for, e assim vamos saber

Que o amor nos levou

CORAÇÃO DE NINHO

Essa é um xote muito engraçadinho! kkkkk de início parece música feita pra criança, né?! Mas não é, não! "Coração de Ninho" é sobre um tal passarinho que passou por mim, voou, voou ao meu redor, pousou despreocupadamente e depois foi embora! 

A natureza é uma coisa interessante

E olha que nem vou falar do elefante

Eu tô falando é de um passarinho

Que roubou meu coração

E depois voou!

 

Fiz do meu coração um ninho

Pra vir morar um passarinho

Eu deixei tudo bem quentinho

Ele comeu, bebeu, cantou

E depois voou...

 

A natureza é uma coisa interessante

E olha que nem vou falar do elefante

Eu tô falando é de um passarinho

Que roubou meu coração

E depois voou!

E no lugar do coração

Ficou somente escuridão

Não tem mais o passarinho

Que comeu, bebeu, cantou

E depois voou...

 

A natureza é uma coisa interessante

E olha que nem vou falar do elefante

Eu tô falando é de um passarinho

Que roubou meu coração

E depois voou!

FIOS DE ESPERANÇA

Mais uma música sobre meu amado Jequitinhonha, e dessa vez ainda mais especial porque é sobre as mulheres do Jequitinhonha! Aquelas que plantam, que colhem, que fiam e que tecem mais do que panos: tecem histórias e mantêm viva essa tradição secular!

Nesta música eu vou tecendo as frases como num tecido: desde a plantação do algodão, passando pelo processo de descaroçamento, de batimento, de fiação, até chegar no tecido propriamente dito que vai ser utilizado em diversas funções. E permeando todo esse processo estão os versos tradicionais que são cantados por essas guardiãs das tradições e das canções. Para além de plantar o algodão e tecer panos essas mulheres plantam histórias e tecem memórias.

Essa música foi composta para o 40º FESTIVALE que especialmente acontecerá na minha cidade, Diamantina! Por enquanto estamos na torcida para que ela passe na primeira fase de seleção! 

No vale onde o sol beija a terra seca

Semente se aninha no chão

Precisa de chuva pra dar colheita

E nascer nuvem de algodão

 

Tirar o caroço da nuvem branca

Bater forte com o coração

Fiar na roda enquanto canta

E nasce fio de algodão

 

As fiandeiras vão tecendo a vida

No tear que range sem se cansar

Enquanto se fia, se canta a vida

Que se vive neste lugar

 

A roda que gira se vira dança

A dança da vida a se embelezar

Com as mestras que fiam a esperança

De quem vive neste lugar

São gerações guardiãs do tempo

E da tradição do fiar

Das canções que voam por sobre o vento

E falam de tudo o que há

 

Na roda, ou no fuso, com a flecha ou ripa

Fazer rede ou roupa de usar

Fiandeira sozinha nunca fica

É junto que faz o fiar

As fiandeiras vão tecendo a vida

No tear que range sem se cansar

Enquanto se fia, se canta a vida

Que se vive neste lugar

 

A roda que gira se vira dança

A dança da vida a se embelezar

Com as mestras que fiam a esperança

De quem vive neste lugar

meu lugar seguro

Essa música eu escrevi para uma amiga muito querida. Certa vez ela me confessou que sentia muita falta da vózinha (que ela chamava de Princesa), que foi praticamente uma mãe pra ela. E que nos dias em que a saudade mais apertava ela só conseguia dormir imaginando a cena de uma casinha na colina, onde estava sua avó e todos os seus cachorrinhos que também já tinham partido. Ela imaginava a avó dela deitada na cama, e ela ia e deitava junto, e os cachorrinhos iam e deitavam por cima e ela ficava se sentindo bem ali, no seu lugar seguro. a poesia que está na metade da música descreve todos os sentimentos que ela tem quando se imagina neste lugar. Eu fiz essa música como um presente, um regaço, um carinho. Quando mostrei pra ela, ela me enviou um áudio, rindo e chorando ao mesmo tempo... um dos mais emocionantes que já ouvi. E eu senti que minha missão estava cumprida. 

Há um lugar onde sou mesmo eu e onde ainda tenho vocês

Há um lugar onde vocês estão e nunca partiram

Um lugar seguro pra mim, um lugar eterno em mim

Há coisas que passam e coisas que são pra sempre

As coisas que são eternas não podem ser vistas

Por que o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração

E é no meu que vocês estão...

                         

É uma casinha lá na colina

Lá embaixo tem o mar 

e as rochas que só eu e meus cachorros podemos alcançar

Lá faz um frio danado da peste,

mas a lareira nos aquece

Mas o que me deixa mais quentinha é:

o abraço da minha vózinha,

Que está sempre lá pra me abraçar!

 

"Eu chamo de casa, de casinha, meu canto

Por que meu lar é onde vocês estão

Lá tenho tudo o que preciso,

tem os meus animais

Galinha, vaca, cabra, cavalo...

Meus dez cachorros e ainda tem mais:

Tem uma floresta linda, tem um galinheiro

E tem até um coqueiro

de onde os cocos não caem

Por que nada ali pode machucar vocês

Fui construindo aos poucos este cantinho

E hoje este é meu porto, ou melhor, meu farol-seguro

Mesmo a cabana lá embaixo

Onde eu não vou faz muito tempo

É lugar de me abrigar

Da maresia e do vento

E o som do vento e o barulho do mar

Sempre me fazem lembrar

Que a vida sopra sempre em frente,

é profunda e infinita

E por mais dor que possa trazer pra nós

É, no fim e enfim, sagrada e infinitamente bonita"

 

Deito na cama e vocês estão, quanto carinho

Bob, Simba e minha Princesa todos juntinhos

E mesmo aqui na imaginação vocês são a minha inspiração

É o meu conforto, meu lugar de paz, tão quentinho

Não preciso de nada mais, é o meu cantinho

Lá nunca estou sozinha, nem sinto solidão

Lá é aqui dentro do meu coração

E é aqui que vocês estão...

 

É uma casinha lá na colina

Lá embaixo tem o mar

e as rochas que só eu e meus cachorros podemos alcançar

Lá faz um frio danado da peste,

mas a lareira nos aquece

Mas o que me deixa mais quentinha é:

o abraço da minha vózinha,

Que está sempre lá pra me abraçar!

 

LUA E MAR

Você já deve ter percebido que eu amo trabalhar com a simetria nas letras das minhas canções, né? Trabalhar com blocos que repetem a mesma estrutura, trocadinhos de palavras e sentidos... e "Lua e Mar" foi feita exatamente assim. Sobre o significado, é mais uma música na qual eu trabalhei com a imaginação: eu moro em Minas e todos sabem que em Minas não tem mar! kkkkk Então eu trabalhei uma situação hipotética de uma pessoa que vai sempre encontrar sua amada ao cair da noite. Ela mora em frente ao mar e então essa pessoa se senta na calçada, próximo aos quiosques, e fica observando o mar enquanto sua amada desce do seu apartamento. Uma história de ansiedade e espera, de poesia e canção, de lua e mar.

Na calçada a esperar

Sento, à toa, e olho o céu

A lua não está lá

Pego lápis e papel

 

Escrevo...

Sobre você!

 

E quando a lua encontra o mar

É quando eu vou te encontrar

Eu sei...

Esses seus olhos cor-de-mar

Feitiços a me encantar

Amei...

Espero a lua sair

Para eu poder te ver

Quando não está aqui

Não consigo escrever

 

Espero...

Você!

E quando a lua encontra o mar

É quando eu vou te encontrar

Eu sei...

Esses seus olhos cor-de-mar

Feitiços a me encantar

Amei...

ÁGUAS

Essa é uma música que não fala especificamente da água, mas de uma das suas propriedades: o fluir. Compus essa música como uma catarse de um processo pelo qual estava passando de muita mudança, impermanência, derrubada das bases que eu achei que estavam sólidas. A vida tem dessas coisas e esses momentos também são importantes. Dói, machuca, assusta, mas ensina! E como a água, precisamos continuar seguindo o curso: contornando barreiras, vencendo distâncias, fluindo na vida. Tudo tem que seguir...

Ahhh, ahh

 

É difícil manter cada dia normal (normal)

Se do que existia não tem nada igual (nada igual)

A cabeça em mil pensamentos aqui (em mim)

Coração bate a mil quando eu lembro que (eu lembro que)

 

Tudo tem que seguir

Tudo tem que seguir

Pra seguir

 

Se eu falo daquilo que sinto me dói (corrói)

Se não falo, por dentro isso me corrói (e dói)

O universo registra aquilo que fiz (tudo o que fiz)

E também tudo aquilo que um dia eu não quis (não quis)

Mas é preciso seguir

É preciso seguir

Pra seguir

 

E se tudo que eu faço retorna pra mim (só pra mim)

Machucar o outro só vai me ferir (ferir)

Mas se o bem que eu faço é parte de algo maior (muito maior)

Esse bem é que vai me fazer melhor (alguém melhor)

 

Porque eu quero seguir

Eu quero seguir

Pra seguir

terra

Essa sim fala exatamente sobre a Terra (com "T" maiúsculo), a terra (com "t" minúsculo), o elemento que nos sustenta e que nos dá o sustento, em todos os sentidos! A relação do ser humano com a Terra está cada vez mais caótica, mais desrespeitosa, mais hostil. Não temos a dimensão do quanto somos dependentes dela, e com isso mais nos distanciamos dela e ela de nós. A questão é que sem nós ela sobrevive (até melhor que antes), mas sem ela nós não somos nada!

Piso o pé no elemento terra

Me sinto dela

Me sinto terra, toda terra, toda dela

(terra, dela, terra, terra...)

 

Tiro o sapato e piso o mundo

Em um segundo

Me sinto fundo, todo o mundo, tão profundo

(fundo, mundo tão profundo, mundo, no fundo do mundo...)

 

Firme e forte como tem que ser a terra

Todo corpo, todo elemento vem de dentro da terra

Do fundo, vem de dentro, lá do centro, o rebento da Terra

Do fundo o elemento, vem de dentro, do epicentro da Terra

Bota o pé no chão e sente a terra

Se sinta dela

Sinta a grandeza que é pertencer essa Terra

(toda terra, toda ela, terra, terra, terra, terra...)

 

Se plantar na terra sempre nasce

O que é pra nascer

Experimente sempre plantar pra colher

(O que é pra ter, colher o que é pra ter e sempre ter o que colher...)

 

Sinta a abundância que é viver da terra

Toda a constância que é viver na terra

Plantar pra se colher é viver e aprender com a terra

Plantar e aprender é viver e se colher da Terra

VENTOS

Dando sequência nas músicas sobre os elementos, "Ventos" fala sobre a impermanência, sobre o movimento que precisa fazer parte da vida! A música traz diversas reflexões sobre luz e sombra, sobre sermos teias de palavras que nos faz verso, sobre o nosso tamanho em relação ao universo e ao grão de areia (que nos dá dimensão da nossa insignificância), etc, etc, etc... Além também da já conhecida brincadeira com as palavras que eu amo fazer: os trocadilhos, as sonoridades, porém nada de forma aleatória ou feito por acaso! ;)

Eu não sei o que o vento

Traz para mim

Eu vou confiar no que o vento

Traz para mim

 

Sou uma aldeia

No universo

Sou um grão de areia

Submerso

 

Vento que traz chuvas, movimento

Tudo o que há por fora ou por dentro

De mim

Se há calmaria ou tormento

Gritaria ou discernimento

Em mim

 

Sou uma candeia

O breu inverso

Sou palavra em teia

No fim, um verso

 

Eu sei o que o senhor vento

Traz para mim

Eu confio no que o vento

Traz para mim...

Sou uma candeia

O breu inverso

Sou um grão de areia

Submerso

Sou palavra em teia

No fim, um verso

Sou uma aldeia

No universo

Vento que traz chuvas, movimento

Tudo o que há por fora ou por dentro

De mim

Se há calmaria ou tormento

Gritaria ou discernimento

Em mim

Sou uma aldeia

No universo

Sou um grão de areia

Submerso...

JÁ ERA AMOR

Comecei a compor essa música em Milho Verde (Serro) e terminei em Diamantina, com uma lacuna de uns 6 anos entre o início e o término! Pois é... às vezes isso acontece! kkkkk  QUis brincar também com o sotaque: sendo bem ousada, saí do mineirês e fui ancorar lá no sotaque gaúcho! "Já era Amor" é uma música bem literal, que não pede muitas explicações... também foi uma música que fiz colocando a imaginação pra funcionar, mas quando a canto, penso em praia, sol, cachos dourados e olhos azuis da cor do mar. Um amor de veraneio, sabe?! 

Já era amor à primeira vista

Eu só não sabia que eu queria te ter

Já era amor à primeira vista

Agora eu só penso em te querer

 

Flores no cabelo, perfume de flor

Tudo em ti é poesia, guria

Tu já te olhou no espelho? Viu que é só amor?

Tu me causa maresia, magia

 

Já era amor à primeira vista

Eu só não sabia que eu queria te ter

Já era amor à primeira vista

Agora eu só penso em te querer

Quando tu caminha, parece que flutua

Teus pés nem tocam o chão

Teu cheiro me enlouquece, parece que escurece

Toda minha visão

 

Já era amor à primeira vista

Eu só não sabia que eu queria te ter

Já era amor à primeira vista

Agora eu só penso em te querer

 

Teus olhos cor de mar

A água a lhe banhar

Pra mim isso é perfeito

Vem me (a)mar

SIMPLES VIVER

"Simples Viver" é sobre o quanto podemos ir aprendendo com a vida, o quanto que a vida nos ensina em cada pequeno acontecimento. O primeiro refrão fala sobre negação, sobre não querer ver "fundo no ser", pra esquecer. Mas como isso é impossível de se fazer (e quem diz que faz está se enganando) precisamos "olhar os pecados": olhar pros nossos erros, pros cantos escuros do nosso ser pra começar a crescer. Negar nossa escuridão é apenas ilusão! Eu sou uma pessoa comunicativa, que gosta de falar e se expressar, mas às vezes, o segredo está no escutar, principalmente o que vem de dentro do nosso ser... e assim vou aprendendo a ser quem sou. 

Eu tenho tanto do meu ser pra falar

Mas não sei se vão querer escutar

Tudo o que passei, que vivi, que sonhei, que busquei e aprendi

Tudo o que passei é motivo de hoje eu estar aqui

Olhos fechados pra não ver fundo no ser

Olhos fechados para esquecer

Olho os pecados para ver fundo meu ser

Olhar pro escuro pra crescer

Sempre que tentei esconder o que sou fui pra longe de mim

Sempre que mostrei minhas verdades sem medo eu reacendi

Tudo o que preciso pra crescer e amadurecer

já faz parte do meu ser

Basta olhar o que eu quis esquecer,

olhar pra dentro e viver

Eu tinha tanto de mim pra falar

Mas descobri que o segredo é escutar

 

Escutar o que diz meu corpo, minha mente e meu coração

Tudo o que aprendi trago comigo e levo por esse mundão

E se você realmente quer saber

o grande segredo é viver

Viver o agora é estar com todo seu ser,

viver, é simples viver!

MEMÓRIAS DE UM SENHOR

Eu compus essa música com um sentimento de cansaço de uma pessoa bem velha. Não apenas na idade, mas no espírito. Alguém extremamente cansado da luta, da labuta... trouxe no processo de escrita os sentimentos de alguém que estava cansado de continuar tentando, alguém sem esperança, que teve que deixar os sonhos para trás para sobreviver. Mas ao final da música ele vê a flor, simbolizando o refresco em meio a tanta secura e então chega o "novo"! Não alguém externo, não uma outra pessoa, mas uma versão deste senhor que não deixou de acreditar, de sonhar, de lutar! O "novo" aqui é a esperança que mesmo parecendo morta, está lá resistindo, lutando contra o pessimismo e a desistência! E eu acredito que todos temos esse "novo" dentro da gente: nossa criança interna, nossa mocidade, nossa vontade de viver e de continuar tentando sempre, independente das dificuldades e das marcas que a vida deixa em nosso ser!

Olhos vermelhos

As mãos rachadas

Chapéu no colo

Calcas rasgadas

 

Diz o velho:

“Nunca descansei...

Nesta vida

Só trabalhei”

 

A pele seca

Os pés cansados

Boca sem riso

Olhos molhados

 

Diz o velho:

“Nunca parei...

E até hoje

Só trabalhei”

 

Visão ao longe

Ideia a vagar

“E quanto aos sonhos?”

Me ponho a perguntar

 

Diz o velho:

“Não realizei...

Todos os meus sonhos

Na terra enterrei”

Olhos molhados

Se põe a chorar.

“E a esperança?

Não vai esperar?”

 

Diz o velho:

“O tempo passou...

E no meu peito

Nada ficou”

 

Cabeça baixa

Olhos no chão

Vê uma flor

Pega com a mão

 

Diz o velho:

“Foi a última da estação”

Diz o novo

“Muitas virão”

 

Diz o velho:

“É apenas flor”

Diz o novo:

“É forma de amor”

 

Diz o velho:

“Morreu na minha mão”

Diz o novo:

“Nasceu no coração!”

VERSO NOVO

Eu recebi essa música de presente de uma pessoa muito querida! A Xandreli certa vez me mandou uma mensagem dizendo que havia assistido a um show meu e que essa música veio pra ela a partir disso. Eu fiquei emocionada, é óbvio e a coloquei dentre as composições que quero um dia gravar e lançar pro mundo!

Surgiu um verso novo pra vc
E ninguém sabe me dizer
O que é toda essa coisa de nós

E hoje eu vi
Mudou o seu status e eu to aqui
Pensando deitado será que eh pra mim?
Não quero me iludir
Mas vc tá mexendo comigo
E eu tenho muito medo disso

E se eu deixar isso quieto?
Fugindo de vc me desespero!
E se eu levar isso a sério?
Vem andar comigo que da certo!

amadurecer

Eu reflito muito sobre a vida... já deu pra perceber, né?! E "Amadurecer" nasceu de uma desses momentos. Eu luto diariamente contra o perfeccionismo e todas as suas consequências como, por exemplo, deixar de fazer as coisas, de produzir shows, de mostrar minhas composições, pelo medo de não estarem prontas ou estarem imperfeitas... Sim: esse processo de publicar minhas músicas é uma luta muito difícil para mim. Mas, enfim... quando compus essa música eu estava numa fase de entender que as falhas que cometemos não definem o que somos. Elas fazem parte de nós, mas não nos definem. Assim como a dor que passamos, os sofrimentos que enfrentamos... tudo faz parte de nós, mas não é a totalidade do nosso ser. Essa música diz muito desse meu processo de autocura do perfeccionismo, e duas das frases que ela traz refletem perfeitamente o meu aprendizado: "Cada falha forja um novo ser" e "Não ter medo de se perdoar". Essas foram as chaves para mudar meu olhar sobre muita coisa na vida!

Ver o amor crescer

De dentro

Ver a dor não virar

Sofrimento

Amadurecer...

 

Sempre que a dor te visitar

Peça a ela para te ensinar

O que tem que ser é o que será

Cada falha forja um outro ser

Você tem liberdade pra querer

Mudar e transformar quem é você

Esqueça o que o mundo

diz que é você

Não se permita encolher

Sua força está em saber o que te faz bem

E o que não machuca mais ninguém

A vida tem muito a ensinar

É só educar o seu olhar

Não ter medo de se perdoar

 

Seu coração mais leve há de ser

Se perder o medo de perder

E entender que a vida é viver

 

O que aconteceu, deixa... no passado está

É pra frente o caminhar

Se permita se abraçar, se acolher

Não tenha medo de viver!

DA LAMA AO CAOS

Vocês já devem ter percebido que a música para mim é também um processo de terapia, de cura, de catarse... e não foi diferente com "Da Lama ao Caos", que foi composta na ocasião do rompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho. Não conseguia entender até onde a ganância dos homens poderia ir... Também nessa composição está alguns outros desabafos, como por exemplo, a morte de dez jovens negros no incêndio do galpão do Flamengo, daí a frase "corpos negros quentes" e toda a referência ao fogo na letra. Também foi um momento de extrema desesperança com a humanidade no exercício do voto, na política, na liberação de armas, de invasão de territórios indígenas e quilombolas... na minha cabeça os maus estavam vencendo. Vencendo eleições, carnecendo dos direitos humanos básicos, seguindo impunemente com suas ideias e ideais genocidas. Mal sabia eu o que ainda viria a acontecer a partir de 2020 e no 8 de janeiro. Enfim, essa música foi a forma que eu encontrei de me curar um pouco de toda aquela insanidade. 

A lama, o cal

O fogo, o caos

 

Martas, Marias mortas, frias

O sol poente, corpos negros quentes

A lama, o caos, o fogo, o caos

A chuva, o caos, impunes

Os maus, os maus

Os maus, os maus

O desamor gera a dor

Pede-se paz nada se faz

A arma, o caos, O voto, o caos

A morte, o caos, carnecem

Os maus, os maus

Os maus, os maus

 

Matas fechadas então derrubadas

Pela ganância e sua ânsia

A terra, o caos, verde, o caos

A lei o caos, comandam

Os maus, os maus

Os maus, os maus

mar

Essa música foi resultado da primeira viagem que fiz ao Rio de Janeiro! Fomos eu, uma ex-namorada e uma amiga ao Rio para assistir ao show da Maria Bethânia e aproveitamos para curtir um pouco a cidade, é claro! Escolhemos um dos dias para passar o dintirim na praia, e foi tão bom!! Eu estava admirando toda aquela beleza de Copacabana, com aquelas serras no meio do mar, aquele cenário paradisíaco e eis que me surge um casal de velhinhos andando na beira do mar de mãos dadas! Aquilo me tocou profundamente e eu tirei uma foto. Dias depois, quando cheguei em casa, olhando as fotos da viagem apareceu essa foto e eu senti tudo de novo: a areia, a água, a imensidão do mar, o sol, os velhinhos andando de mãos dadas, o azul do céu se misturando com o azul do mar e com todas essas sensações eu comecei a escrever, escrever... e assim nasceu "Mar"!

Pisar na praia e ver

Grãos de areia em Comunhão

Conchas espalhadas no chão

Um casal de velhinhos dando a mão

Pisar na praia e ver

A imensidão do mar

Que parece não acabar

Pisar na areia e ver: conexão

Pisar na água e ver:

Iemanjá a abençoar meu coração! (2x)

 

O azul do mar, o azul do céu

O sol, tudo o que há...

De mais belo

Ah, ah, ah... (2x)

 

Janaína, Janaína

Janaína... no mar (2x)

Ah, ah, ah, ai, ai ai ah

... no mar

Janaína no mar... Janaína, ah, ah, lá no mar

 

E eu que não sei nada do mar

Vi Iemanjá a abençoar

Eu que não sei nada do mar

Vi Iemanjá a me abençoar

   

Janaína, Janaína,

Janaína ia ah ia ah... no mar (2x)

 

A areia no pé, a água

A água no corpo a banhar

A água

O sol........  a esquentar

A areia no pé

A água no mar...

 

Janaína ia a ia...

Janaína

Janaína, Janaína

Janaína... no mar!

O QUE HÁ EM MIM

Mais uma música sobre meus processos de reflexão sobre a vida, sobre a complexidade e a simplicidade que é a vida, cheia de começos e  recomeços e ciclos sem-fim.  Essa frase "pedra que rola miudinha" é uma inspiração do Ponto de Boiadeiro que diz "Pedrinha miudinha de Aruanda, aê"... ao ouvir essa música eu fiquei refletindo que somos uma pedrinha miudinha rolando na vida indo pra lá e pra cá, seguindo o curso que o rio da vida nos faz seguir. E a partir daí comecei a escrever "O que há em mim". 

Pedra que rola miudinha

Sou eu, sou eu

Pedra que vai rolando a vida

Sou eu, sou eu

Vida entre tantas dividida

Sou eu, sou eu

Entre chegada e partida

Sou eu, sou eu

 

Sempre que vejo andar

A vida que há em mim

Atravessando o lugar

Do início e do fim 

 

A vida a atravessar

Verdades que há em mim

Sempre me deixa sonhar

Além... do que acho que é o fim

Pedra que rola miudinha

Sou eu, sou eu

Pedra que vai rolando a vida

Sou eu, sou eu

Vida entre tantas dividida

Sou eu, sou eu

Entre chegada e partida

Sou eu, sou eu

 

Sempre que volto o olhar

Pro que ainda há em mim

É longo o caminhar

Tô longe do fim

 

A vida a ensinar

Lições que tenho em mim

E que eu vou carregar

Até... chegar o meu fim

 

Enfim, o que é o fim?

o que me espera

Eu não sou uma pessoa ansiosa. Sim, é isso mesmo que você leu: eu NÃO sou uma pessoa ansiosa (hoje em dia isso é raridade né? kkkk). Porém, às vezes eu fico mais pensativa sobre o futuro, sobre o que a vida ainda me reserva, sobre as dificuldades que vou enfrentar e as coisas que vou conquistar... É tudo tão incerto, mas ao mesmo tempo tenho a consciência que meu futuro eu construo no meu presente que é, no fim das contas, tudo o que a gente realmente tem! "O Que me Espera" é um desaguar de incertezas, mas também de confiança. Tudo ao mesmo tempo.

Será que a vida me reserva coisas que ainda não sonhei?

Eu sei que tenho ainda muitos sonhos que eu não contei

Eu penso muito no que está por vir e no que ainda não vivi

Meu pensamento voa vendo coisas que ainda não senti

 

Mas eu não quero e nem vou desesperar

 

Se o que eu tenho aqui me basta pra viver

Quero chorar, sorrir e agradecer

Porque a vida é muito boa pra mim

Mais que o normal

Muito mais do que mereço, enfim...

FOI BOM TE VER DE NOVO

Essa foi mais um teste de imaginação de uma situação que nunca vivi A arte proporciona esse privilégio para nós artistas: vivenciar as coisas sem realmente nunca termos vivido aquilo. Então para essa música eu imaginei uma situação em que dois ex-namorados se viram, por acaso, em algum lugar e um deles começou a refletir o que tinha dado de errado, o que eles poderiam ter tentado, qual eram seus sentimentos em relação à tudo aquilo. Mesmo com esse mix de sentimentos e sofrendo tudo mais uma vez, essa pessoa gostou de ter visto a outra novamente, de reviver tudo aquilo e de pensar que mesmo com o sofrimento da separação, o tempo que eles viveram juntos valeu muito a pena.

Ei, que bom te ver de novo

Eu já não sei

Se ainda sente o mesmo que eu

 

Sei que o que senti foi forte,

Mas eu não sei

onde foi que a gente... se perdeu

 

O que eu sei

É que eu sigo procurando

você por onde eu vou

Mas eu não sei

quais os caminhos nos levaram

onde você está e onde eu estou

Onde eu estou...

Onde eu...

 

Te vi e te amei

Como não amei ninguém antes de você

Te vi e eu sei

Que nunca eu vou amar assim como eu te amei

Antes num mesmo caminho

Depois, seus pés

foram pra longe, (longe) de mim

Me deixou aqui tão sozinho

E eu andei

meio sem rumo e continuo assim

O que eu sei

É que eu sigo procurando

você por onde eu vou

Mas eu não sei

quais os caminhos nos levaram

onde você está e onde eu estou

Onde eu estou...

Onde eu...

 

Te vi e te amei

Como não amei ninguém antes de você

Te vi e eu sei

Que nunca eu vou amar assim como eu te amei

Como eu te amei

Como te amei...

Mas foi bom te ver de novo!

DEPOIS DE TUDO ISSO

A pandemia foi um período dificílimo pelo qual o mundo inteiro passou. Muitas coisas nos foram tiradas, física e simbolicamente: o contato físico, o poder abraçar, dar as mãos para cumprimentar, o respirar livremente... enfim! Então essa música foi uma tentativa de manter a esperança de que algum dia aquilo tudo iria passar e a gente voltaria a viver. Mas ao mesmo tempo que eu refletia sobre isso eu também pensava que o que nós realmente temos é o presente, então o momento de dizer "te amo", de dizer pra outras pessoas a importância que desempenham na nossa vida é o agora! Porque, com pandemia ou sem pandemia, o amanhã pode não chegar...

Haverá um tempo em que nós vamos poder voltar a nos abraçar

Haverá um dia em que nós vamos poder respirar

E dizer, sem medo

Sem nada a nos separar:

Te amo!  Te amo!

Haverá um dia em que isso tudo tudo tudo vai passar

Haverá um tempo em que nós vamos poder nos beijar

E amar, sem medo

E amar, sem medo

Só amar! Só amar!

 

Mas enquanto esse dia não chega prá nós, não perca a esperança e nem perca

tempo: diga que ama, HOJE!

                                             

Pois a vida é um sopro, meu amigo

E eu sei que isso às vezes é difícil entender,

Mas saiba viver o O AMOR! (2x)

 

O amor...

E amar...

O amor...

E amar!

ILUSÃO

Eu já passei por algumas religiões na minha vida e uma delas foi o Espiritismo. E é claro, eu também era muito envolvida com a música na casa onde atuava. Certa feita estávamos organizando um grande evento para as juventudes espíritas do Vale do Jequitinhonha e teria um momento de teatro em que apresentaríamos 4 figuras muito próximas a Jesus: Maria Madalena, Pedro, Paulo de Tarso e Judas. Para todos os outros existiam músicas que falavam especificamente sobre eles, porém para Judas não tinha. Não achávamos nada que desse para encaixar na história dele. Aí um dos outros organizadores falou brincando: 'Ah, Joyce podia compor uma música sobre o Judas". Na hora eu ri e todos rimos. Mas ao chegar em casa aquilo ficou na minha cabeça. Eu havia lido recentemente um livro psicografado por Chico Xavier chamado "Boa Nova" e neste livro havia um capítulo sobre Judas intitulado "A Ilusão do Discípulo". Peguei o livro novamente, comecei a folear aquelas páginas e assim surgiu "Ilusão".

Minha angústia é maior que meu ser
Neste mundo pretendo vencer
Me inquieto sem saber por que
O poder me aguça o querer


O Evangelho precisa vencer
E o Mestre precisa entender
Que as grandes coisas do mundo
Não se dão sem se ter o poder

Eu te vi e vi minha vida se transformar
Não tive mais lágrimas pra chorar
Vi que aqui é o meu lugar... ao seu lado eu vou caminhar!
Não quero o mundo conquistar
Quero recomeçar, Jesus... me ajude a mudar!


No intento de fazer vencer
A Doutrina que eu vi nascer
Os Doutores da Lei encontrei
E com um beijo o Mestre entreguei
 

As promessas do mundo são vãs
Me perdi na vaidade e no afã
De fazer outras coisas além
De amar, sem olhar a quem

A dor era maior do eu
Não podia meu erro enfrentar
E num erro maior eu tentei
Com minha vida acabar


E então entendi o porque
Que o Mestre aceitou o sofrer
É que o amor não se pode comprar
Não há poder maior que o de amar!


Eu te vi e vi os teus lábios a me chamar
E vi os teus olhos a me amar
Mesmo assim como eu sou, Jesus... com você quero estar!
Eu te vi e vi o meu sonho se transformar
As pratas do mundo vou dispensar
Meu Jesus, o que quero, enfim, é o poder de amar!

AMOR DAS ESTRELAS

O processo de composição de "Amor das Estrelas" foi bem parecido com o de "Ilusão". Carlos Alberto Braga, um expositor e escritor espírita estava com o projeto de lançamento de um livro sobre Arnaldo Rocha e Meimei e tínhamos um amigo em comum, na época. Esse amigo entrou em contato comigo e transmitiu o pedido do Carlos, perguntando se eu comporia uma música sobre o amor dos dois intitulada "Amor das Estrelas". Me lembro que fiquei apreensiva e com medo de dizer que faria e depois não dar conta kkkk. Com isso eu disse que iria ver se vinha alguma inspiração e daria a resposta depois. Me lembrei que tinha lido a biografia intitulada "Meimei - Vida e Mensagem", fui até o quarto, comecei a folear o livro e me veio a letra inteira da música, de uma só vez. Mais tarde então, naquele mesmo dia, retornei para o amigo dizendo que a música estava pronta. Eles realmente viveram e vivem um lindo amor, de outras vidas, de outros universos... um amor das estrelas!

Vem de outras vidas, traz de outros tempos

O amor, puro amor!

Amigo de jornada, ah! Noiva bem-amada

Vem amor, por amor!

 

Do lindo céu de estrelas descem bênçãos de Jesus

Sob as juras mais belas do nosso amor que reluz

São céus iluminados e estrelas reluzentes

Na Terra nosso amor encantado, no céu estrelas cadentes

 

Vai, linda Meimei! Com seu doce coração

Amparar os pequenos como fez nosso Irmão

O seu amor infinito pelos pobres sofredores

Consola os mais aflitos e acalenta tantas dores

Nosso amor sobrevive além das grandes estrelas

E mesmo depois da morte sei que não vou perdê-la

Vem, meu Sozinho! Segue a trabalhar

A morte é só caminho para a vida milenar

Se estás amargurado ante a imensa Luz

Vence os erros do passado e carrega tua cruz

Não se prenda indeciso nas dúvidas do coração

Ama, serve e perdoa sempre, nas lutas da redenção

 

É amor de outras vidas, de um longo passado (Longo passado)

Encontros e despedidas de um amor abençoado

Veio no tempo da Cruz ressurge no tempo da Luz (Ressurge na Luz)

Morte e vida caminhamos para encontrar Jesus

 

E depois da luta amarga mais uma vez estaremos

Juntos num mesmo plano e juntos venceremos

 

Vai, minha Meimei / Vem, meu Sozinho

Ante a imensa Luz / Carrega tua Cruz

Com seu amor infinito / Consola o mais aflito

Sigamos com Jesus / Sigamos com Jesus

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